Example Example Example Example Example Example Example O presidente Ikeda observa: "É absolutamente impossível que alguém com uma conduta séria e sincera na fé não consiga ser feliz e prosperar ou que seu ambiente não consiga ser revitalizado. Este é o princípio universal do budismo. O coração é o que transforma tudo. Esta é a natureza prodigiosa da vida. É uma verdade irrefutável". Nam-myoho-rengue-kyo Nam-myoho-rengue-kyo Nam-myoho-rengue-kyo....


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13 de setembro de 2008

Einstein e sua visão sobre Unicidade

Imagem: Poema de Daisaku Ikeda
Imagem: Lei do buda Sakyamuni

"O ser humano vivencia a si mesmo, seus pensamentos, como algo separado do resto do universo - numa espécie de ilusão de ótica de sua consciência. E essa ilusão é um tipo de prisão que nos restringe a nossos desejos pessoais, conceitos e ao afeto apenas pelas pessoas mais próximas. Nossa principal tarefa é a de nos livrarmos dessa prisão, ampliando o nosso círculo de compaixão, para que ele abranja todos os seres vivos e toda a natureza em sua beleza. Ninguém conseguirá atingir completamente este objetivo, mas lutar pela sua realização já é por si só parte de nossa liberação e o alicerce de nossa segurança interior". Albert Einstein
Um dos princípios do Budismo é o Princípio de Unicidade, pessoa a pessoa, pessoa e ambiente, pessoa e a lei. Somos unos e Albert Einstein sacou isso muito bem quando disse que nos percebemos separados do universo, não é bem assim. Somos unos, ele continua nos incentivando a sair dessa prisão de nosso pensamento restrito e a termos mais compaixão entre nós, a lei do buda, que umedece as flores humanas, é a lei da flor de lótus, a lei do Nam myoho rengue kyo. Rengue significa flor de lótus, simboliza que a lei de causas e efeitos é simultanea, ao fazermos uma caus, estamos já fazendo o efeito, apenas no dia propício ela se manifestara, ou seja o efeito da causa já está feito, mas só será visível no momento mais adquado para tal manifestação no mundo físico.

No poema acima, onde Daisaku Ikeda fala em Daimoku quero explicar que esse termo se refere ao ato de recitar o Nam myoho rengue kyo, que é a lei deixada pelo buda para nós. É essa lei que nos dá a condição de ter mais compaixão humana, nos 'umidece' aumentando nossa potência para florescermos como uma flores de lótus...

Sim, sem o estudo, caminha-se ao encontro do fanatismo... o estudo nos enriquece, nos mostra aquilo que nao conseguiríamos pensar ou descobrir sozinhos, nos abre os olhos da mente e da alma. Amplia horizontes...

A Verdade Vence

BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1932, PÁG. A2, 22 DE MARÇO DE 2008.

A Lei de Causa e Efeito, que rege a vida, é um princípio magnificente. As pessoas que vivem em prol da Lei Mística com estrita lealdade triunfarão vitoriosamente no final. Ao contrário, aquelas que difamam os companheiros com mentiras numa tentativa de destruir o respeitável mundo do budismo arruinarão sua própria vida no final. Sucumbirão em uma miserável vida de derrotas.

Antes de mais nada, “não mentir” faz parte da moral básica da vida dos seres humanos. Seja no passado ou no presente, no Ocidente ou Oriente, a mentira é considerada um ato de covardia. A história atesta que a mentira não prevalece para sempre.

Na época em que Nitiren Daishonin encontrava-se exilado na Ilha de Sado, uma mulher, carregando seu filho no colo, foi ao seu encontro partindo de Kamakura. Ela percorreu uma grande distância a pé, atravessou vales, montanhas e o mar. Certamente encontrou dificuldades nessa jornada. Em consideração à pureza de fé e espírito de procura dessa mulher, Nitiren Daishonin louvou-a com o nome budista de Nitimyo Shonin.

Numa carta enviada em maio de 1272 para Nitimyo, Daishonin escreveu: “O Sutra de Lótus é um ensino que contém a declaração de Sakyamuni de que ele irá ‘rejeitar honestamente os ensinos provisórios´. É o sutra sobre o qual o Buda Taho disse: ´Tudo que Sakyamuni expôs é pura verdade´. Ele exige que os seus seguidores sejam ‘honestos, corretos e de mente moderada´, ´moderados, pacíficos e corretos´ e assim por diante. Portanto, aqueles que crêem neste sutra devem ter uma mente tão reta quanto a corda esticada de um arco ou a linha de marcação do carpinteiro.” (As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. 2, pág. 297.)

As pessoas que agem contrariamente à recomendação de Daishonin, isto é, pessoas com mente distorcida, não conseguirão manter a correta prática budista. Além de tudo, os covardes e mentirosos não conseguirão permanecer no puro mundo do budismo. Não podemos permitir que tais pessoas maculem o mundo de harmonia sustentado por laços de confiança.

Notícias - Aviso aos Navegantes!!! by Sonialotus: Truques para economizar ao encher o tanque de seu carro

Notícias - Aviso aos Navegantes!!! by Sonialotus: Truques para economizar ao encher o tanque de seu carro

O autor deste texto trabalha numa refinaria há 31 anos. Assim que você
levar a sério e passar a aplicar os truques que a seguir são explicados,
passará a aproveitar ao máximo seu combustível e, portanto, seu dinheiro.....

A maior devota do Sutra de Lótus

Na época de Sakyamuni, a característica comum entre aqueles que o traíram era a de serem mentirosos. Em várias passagens de seus escritos, Nitiren admoesta os traidores com suas mentiras e alerta para o surgimento de grandes mentirosos na era dos Últimos Dias da Lei. Ele foi vítima das mentiras de bonzos hereges e sofreu perseguições como a de Tatsunokuti e o exílio na Ilha de Sado. Em conseqüência disso, muitos de seus seguidores se afastaram da prática budista ou compactuaram com os traidores.

Nessa situação, Nitimyo Shonin perseverou corajosamente no caminho de mestre e discípulo, no caminho da verdade e no caminho da justiça. Ela é louvada com as seguintes considerações de Daishonin: “A senhora é uma mulher de palavras verdadeiras. Pense sobre o que vou lhe dizer. Mesmo que fosse possível encontrar uma pessoa que pudesse atravessar o oceano carregando o Monte Sumeru sobre sua cabeça, jamais se poderia encontrar uma mulher como a senhora. Mesmo que se pudesse encontrar uma pessoa que fervesse areia para obter arroz cozido, jamais se encontraria uma mulher com a virtude como a da senhora. Saiba que o Buda Sakyamuni, o Buda Taho, os budas das dez direções, os grandes bodhisattvas como Jogyo e Muhengyo, Bonten e Taishaku, os Quatro Reis Celestes e outras divindades a protegerão e estarão com a senhora assim como a sombra acompanha o corpo. Sem dúvida, a senhora é a maior devota do Sutra de Lótus entre todas as mulheres do Japão. Portanto, seguindo o exemplo do Bodhisattva Fukyo, eu lhe confio o nome budista de Nitimyo Shonin”.

Nos dias atuais, podemos dizer que as integrantes das Divisões Feminina e Feminina de Jovens são as pessoas que percorrem o sublime caminho da Lei Mística com base na mais pura prática budista, tal como Nitimyo Shonin.

Nitiren Daishonin incentivou também a esposa de Toki Jonin em sua luta contra a doença com estas palavras: “Sua vida é mais preciosa do que o Universo inteiro. Sua vida está longe do fim e a senhora tem sido capaz de encontrar o Sutra de Lótus. Por causa disso, vivendo mesmo que seja por um dia a mais, será capaz de acumular uma imensa boa sorte. Que preciosa e valiosa posse é a vida!” (END, vol. 1, pág. 219.) Por esse motivo, devemos manter a boa saúde, obter a longevidade e viver o máximo possível com base na firme prática budista a fim de adornar a vida com imensurável boa sorte.

12 de setembro de 2008

Você pode Vencer!



Video: Você pode Vencer

Todos nós nascemos predestinados a sermos felizes....

É um video muito bonito, com mensagens verdadeiras sobre nossa força, nossas potencialidades, nossos sonhos, nossa capcidade de lutar e ter sucesso na vida, que tudo se encontra em nosso coração ou em nossa alma... muito lindo de ver e ouvir.

Stella Maris Sparta, amiga pelo site de relacionamento Sonico, me enviou gentilmente esse maravilhoso video, eu recomendo que o assistam.

10 de setembro de 2008

A vida e a morte – parte 2

*A vida e a morte – parte 2*

28 DE OUTUBRO DE 2000 — EDIÇÃO Nº 1577

*Para os protagonistas do século XXI – parte 2 Esta é a décima parte da
segunda série de diálogos sobre a juventude realizados entre o presidente
Ikeda e os coordenadores da Divisão dos Estudantes Colegiais, Teruhiko
Yumitani e Yoshiko Ueda , representando os membros da Divisão, publicada na
edição de 1o de janeiro de 1999 do Koko Shimpo, jornal quinzenal da Divisão
dos Estudantes Colegiais da Soka Gakkai.*

*Nascemos porque temos uma missão
*
Pres. Ikeda: Isso é admirável!

Todos têm uma missão. É por essa razão que nascemos. É por isso que,
independentemente do que aconteça, devemos prosseguir na vida superando
tudo. A palavra japonesa que designa missão significa "uso da própria vida".
Para qual objetivo usamos nossa vida? Qual o objetivo de termos nascido
neste mundo, enviados pelo universo? Por que fomos enviados para cá?

O budismo considera o universo como uma gigantesca entidade. Se o
compararmos ao vasto oceano, cada vida é como uma onda nesse oceano. A vida
é quando as ondas se levantam na superfície do oceano, e quando ela volta é
a morte. A vida e a morte são unas com o universo. No nascimento de uma
única vida, há a aprovação e cooperação do universo inteiro.

Todas as vidas são igualmente preciosas. Não podemos aplicar uma hierarquia
ao valor da vida, tornando uma mais valiosa que outra. Cada vida é única. A
vida de cada pessoa é tão valiosa quanto o universo, é una com a vida do
universo e tem a mesma importância. Nitiren Daishonin declara: "A vida é o
maior de todos os tesouros." (The Writings of Nichiren Daishonin, pág.
1125.) E diz ainda: "O Buda diz que a vida é algo que não pode ser comprado
nem pelo preço de todo um sistema maior de mundos." (Ibidem, pág. 983.) E
"Um dia de vida é mais valioso que todos os tesouros do sistema maior de
mundos." (Ibidem, pág. 955.)

É por essa razão que não devemos tirar nossa própria vida. É por isso que
não devemos recorrer à violência, que não devemos ferir nem agredir os
outros. Ninguém tem o direito de prejudicar o precioso tesouro que é a vida.

Yumitani: Um estudante escreveu que quando foi vítima de agressões
questionava por que havia nascido neste mundo doloroso, e por quê, acima de
tudo, havia nascido.

Pres. Ikeda: "Por que nascemos?" — a juventude é a época de buscar a
resposta dessa questão. A juventude é nosso "segundo nascimento". O primeiro
nascimento é o físico, mas é durante a juventude que realmente nascemos como
pessoa. Por isso é um período tão difícil na vida e temos de sofrer tanto. É
uma luta, tal como a do passarinho tentando romper a casca do ovo.

A questão crucial é jamais desistir. Enquanto lutam para encontrar seu
caminho, por favor, orem, reflitam, estudem, conversem com seus amigos e
dêem o máximo para o que é mais importante agora. Se desafiarem a si
próprios sem se darem por vencidos, sua missão — aquela que somente vocês
podem cumprir — será revelada sem falha.

Ueda: Sim. Se o passarinho desistir no meio do caminho, nunca conseguirá
sair do ovo.

Os verdadeiros vitoriosos são os que perseveram até o fim

Pres. Ikeda: Espero que não se deixem derrotar por seus problemas e
batalhas. As pessoas derrotadas pelos problemas não passam por um renovado
crescimento ou "renascimento" como seres humanos e acabam vivendo apenas por
instinto, como animais. E isso é uma morte espiritual.

Todos vocês conhecem Mikhail Gorbachev, ex-presidente da União Soviética e
também meu amigo. Gorbachev é o responsável pelo fim da Guerra Fria. Ele é
um verdadeiro herói que teve o bom senso de dizer: "Essa tolice não pode
continuar!" Querendo encontrar uma forma de levar a felicidade a toda a
humanidade, ele deu um passo decisivo para a mudança.

Como o líder supremo da União Soviética, ele era praticamente o
todo-poderoso de sua terra natal. Ele poderia muito bem ter permanecido
confortavelmente na fortaleza do poder. Mas escolheu um caminho diferente —
um caminho perigoso e arriscado. Ele sofreu atentados, foi traído e
perseguido. Mas, em meio a tudo isso, recusou-se a abandonar seu sonho de
uma sociedade em que as pessoas estivessem em primeiro lugar.

Quando Gorbachev e sua falecida esposa Raisa visitaram o Colégio Soka de
Kansai [em 20 de novembro de 1997], ela proferiu um discurso aos alunos.
"Vocês passarão por todo tipo de sofrimento na vida", disse Raisa. "Nem
todos eles serão curados. Vocês tampouco conseguirão realizar todos os seus
sonhos. Mas há algo que vocês podem alcançar. Há um sonho que podem tornar
realidade.

"Portanto, a pessoa que triunfa no final é aquela que se levanta após cada
queda e avança. A capacidade de continuar a lutar é uma questão de
determinação. A morte não vem para a pessoa que está cansada, mas sim para
aquela que parou de avançar.

"Vocês podem pensar que hoje ainda são jovens mas, antes que percebam, já
terão alcançado a maturidade. Assim é a vida. Logo terão de assumir a
responsabilidade por sua família, pela nação e por todo o planeta.

"Que seus sonhos se tornem realidade! Espero que ocorram coisas maravilhosas
em sua vida! Que sejam todos felizes!"

Ueda: Que mensagem encorajadora!

* *

*Não desperdicem nem um único momento da vida *

Pres. Ikeda: São indescritíveis os sofrimentos e dificuldades pelos quais o
casal Gorbachev passou. "Mas nós sobrevivemos" , disse o casal. "Nós vivemos
e lutamos." Todos vocês estão vivendo agora. Como isso é incrível! Espero
que não desperdicem esse maravilhoso tesouro.

Por falar na Rússia, contei anteriormente como o grande escritor russo
Fiodor Dostoievski (1821–1881) escapou por pouco de ser executado por um
pelotão de fuzilamento. Enquanto aguardava sua vez de ser chamado pelos
executores, começou a pensar em como passaria seus últimos momentos. Ele
sabia que dentro de cinco minutos seria preso a um poste e executado, e
assim desapareceria deste mundo. Não queria desperdiçar esses cinco
preciosos minutos, pois eram seu último tesouro. Precisava utilizá-los
cuidadosamente. Ele dividiu o tempo restante em três partes. Usaria os
primeiros dois minutos para despedir-se de seus amigos e entes queridos. Os
dois minutos seguintes seriam dedicados a uma última reflexão sobre si
próprio. E o último minuto usaria para dar uma última olhada ao seu redor.1

Ao mesmo tempo, decidiu que, se por alguma razão fosse poupado,
transformaria cada minuto em uma era e jamais desperdiçaria um segundo
sequer.

Yumitani: Que experiência intensa deve ter sido!

* *

*Aproveitem a vida ao máximo *

Pres. Ikeda: Pensando nisso, mesmo sabendo que não vamos morrer nos próximos
cinco minutos, todos nós, sem exceção, morreremos um dia. Podemos contar cem
por cento com isso. Não existe nada mais certo.

Victor Hugo disse certa vez: "Todos nós temos uma sentença de morte, mas com
um tipo de adiamento indefinido." 2 O ideal é vivermos cada minuto da vida de
forma útil, como se fosse uma era. As pessoas que não têm um objetivo na
vida chegam ao final dela com um sentimento de vazio, mas aquelas que vivem
com plenitude e empenham-se corretamente até o fim terão uma morte
tranqüila.

Leonardo da Vinci também disse: "Assim como um dia bem aproveitado faz com
que tenhamos um sono feliz, uma vida bem vivida leva a uma morte feliz."³ As
pessoas conscientes do fato de que a morte pode chegar a qualquer momento
vivem cada dia ao máximo. Em uma corrida, também é a linha de chegada que
nos faz correr com toda nossa força.

Ueda: Enfrentar a realidade da morte dá sentido à vida.

Yumitani: Acho que se não morrêssemos nossa vida ficaria vazia e sem
objetivo, assim como não estudamos a menos que saibamos que haverá um exame!

Pres. Ikeda: É verdade. Uma vida sem morte poderia ser uma ótima idéia, mas
também significaria que adiaríamos as coisas, pensando que, mesmo que não
nos preocupássemos no momento, poderíamos dar conta de tudo dentro de dez ou
vinte anos. De fato, provavelmente nunca faríamos nada. Todos nós nos
tornaríamos totalmente decadentes e preguiçosos.

Yumitani: Imagino que seja isso o que acontece com as pessoas que passam a
vida à toa, sem nunca considerar com seriedade a realidade da morte.

Pres. Ikeda: Diante da morte, aspectos como riqueza, posição social, honras
e qualificações acadêmicas não têm nenhum significado. Nesse momento, tudo
se decide de acordo com sua própria vida, destituída de todos os ornamentos
externos. Vocês se sentem realizados? Ou sua vida é vazia, fraca e sem
energia? É por essa razão que necessitamos da fé para forjar nossa vida e
desenvolvê-la.

Ueda: Nunca sabemos quando a morte virá. Portanto, não podemos nos permitir
desperdiçar um momento sequer.

Pres. Ikeda: Não, não podemos. Eu adotei um lema diário: "O dia de hoje
equivale a uma semana!" Ainda não vivi cem anos, mas tenho me empenhado para
criar várias centenas de anos de valor.

* *

*Sem arrependimentos *

Yumitani: Se vivermos cada dia com seriedade e plenitude, não teremos nenhum
arrependimento.

Pres. Ikeda: Trata-se de ter senso de missão. Não existe nada mais forte.
José Rizal, o herói da independência filipina, deu a vida por essa missão.
Ele foi executado por um pelotão de fuzilamento, mas em sua última carta
escreveu: "Não me arrependo do que fiz, e se tivesse de começar novamente,
faria o mesmo, porque esse era meu dever."4

Ueda: Seria maravilhoso se todos nós pudéssemos chegar ao fim da vida
sentindo que, se pudéssemos viver novamente, seguiríamos pelo mesmo caminho.

Pres. Ikeda: Para viver dessa forma, é necessário uma firme concepção da
vida e da morte. O que acontece quando morremos? O que acontece com nossa
vida? Na próxima vez, vamos analisar as respostas que o budismo dá para
essas questões.

Yumitani: Num certo momento da vida, todos se perguntam por que nasceram,
por que morrerão e o que acontecerá após a morte.
Um de nossos membros da Divisão dos Estudantes Colegiais disse que a morte
de seu tio realmente fez com que ele pensasse nisso. Ao ver o corpo de seu
tio sem vida, ele achou que se parecia com um boneco de cera e não pôde
deixar de pensar no significado da morte.

Ueda: Outro estudante escreveu o seguinte: "Quando tenho muitos problemas e
passo por uma situação muito difícil, fico me perguntando por que estou vivo
— qual o sentido disso tudo. Sinto-me tão só algumas vezes e isso me deixa
triste e sem esperanças na vida."

E um outro disse: "Quando meu avô faleceu, pensei na vida e na morte. Fiquei
imaginando como é que as pessoas morrem assim tão facilmente. Também me
arrependi por não ter feito mais por meu avô quando ele estava vivo. A
questão da vida e da morte é a raiz. Todos os demais problemas são as folhas
e ramos

Pres. Ikeda: É algo extremamente valioso ponderar dessa forma sobre a
questão da vida e da morte. Isso é uma prova de nossa humanidade.

Em geral, quando as pessoas vão envelhecendo e acabam presas pela rotina da
vida diária, tendem a parar gradativamente de considerar sobre as questões
fundamentais. Mas a questão da vida e da morte é muito importante. Devemos
considerar profundamente sobre ela durante toda nossa vida.

Se comparássemos nossa existência a uma árvore, a questão da vida e da morte
seria como suas raízes. Embora tenhamos toda uma variedade de problemas e
questões para lidar na vida, eles nada mais são que os ramos e as folhas,
todos ligados à raiz da questão fundamental da vida e da morte.

Yumitani: Algumas pessoas pensam assim: "Ainda sou jovem. Não tenho
necessidade de pensar nisso. Posso esperar até que fique mais velho e esteja
à beira da morte."

Pres. Ikeda: Bem, talvez possamos analisar isso da seguinte forma. Vamos
imaginar a caloura de um curso. Ela faz planos e lança objetivos para seu
primeiro ano no colegial. Mas não conseguirá nada de significativo enquanto
não definir quais serão seus planos para todo o período do colegial.

Yumitani: Isso faz sentido.

Pres. Ikeda: Assim, ela tenta fazer planos para todo o período do colegial.
Mas então percebe que se não pensar no que vai fazer depois de se formar,
também não poderá planejar os anos do colegial de forma sábia.

Ueda: Sim, mas a menos que tenha no mínimo uma vaga idéia do que quer fazer
quando deixar a escola — seja encontrar um emprego ou ir para a faculdade —
realmente não se consegue passar a época do colegial da melhor forma
possível.

Pres. Ikeda: Da mesma maneira, não se pode contemplar de forma significativa
como passar a vida se não souberem o que acontecerá com vocês após a
"formatura" — em outras palavras, após a morte.

Yumitani: Sim, compreendo o que o senhor quer dizer.

*Jovens filósofos, ponderem sobre a questão da vida e da morte! *

Pres. Ikeda: Por essa razão é tão importante que vocês sejam jovens
filósofos e que ponderem profundamente sobre essa questão da vida e da morte
enquanto estão na juventude.

Se as pessoas se deixarem levar pela crença de que não existe vida após a
morte, sucumbirão facilmente à visão de que podem fazer o que quiserem e
então, quando encontrarem alguma dificuldade, simplesmente poderão dar um
fim a sua vida e acabar com tudo.

Yumitani: Sim, hipoteticamente isso é possível.

Ueda: Concordo. Voltando ao exemplo do colegial, tenho certeza de que se
nada houvesse após a formatura, muitos estudantes achariam desnecessário
estudar tanto.

Yumitani: Bem, as pessoas que crêem que não existe nada após a morte
poderiam ainda empenhar algum esforço para viverem de forma agradável, mas
provavelmente não se esforçariam tanto para tentar se aperfeiçoar ou para
servir aos outros.

Pres. Ikeda: É claro que ninguém que acredite que a morte é o fim vive de
forma irresponsável e em absoluto abandono.

Não somente existem restrições sociais contra isso como também, bem lá no
fundo do coração, os seres humanos sabem intuitivamente que a vida é eterna
e que há uma maneira correta de vivê-la.

Yumitani: Há também algumas pessoas que dizem que exatamente pelo fato de
esta ser nossa única existência — como não há vida após a morte — temos de
fazer o melhor no presente. Mas nem todos pensam dessa forma.

Pres. Ikeda: Está se tornando predominante no mundo de hoje a visão
materialista de que não há vida após a morte. Creio que seja essa a razão de
a ética e a moralidade terem se degenerado em mera ambição. No grande
romance Os Irmãos Karamazov, de Dostoievski, a personagem Ivan faz o
seguinte comentário: "Supondo que não houvesse nenhum Deus, o que seria
então considerado como crime? Todas as coisas seriam lícitas?" Se
substituíssemos a palavra "Deus" por "vida após a morte", poderíamos aplicar
a mesma questão. Teríamos um mundo onde poderíamos fazer o que quiséssemos
até que alguém nos impedisse.

Yumitani: De fato, parece que é essa a maneira como o mundo está sendo
conduzido.

* *

*Pessoas que buscam pelo significado da vida *

Ueda: Algumas pessoas fazem a seguinte questão: "A morte é realmente o fim?
Caso assim seja, isso significa então que tudo na vida é vazio e sem
significado? "

Pres. Ikeda: Somos seres que buscam um significado na vida. Enquanto
tivermos um sentido para viver, poderemos suportar qualquer sofrimento. Mas,
sem um propósito na vida, podemos ter tudo que quisermos e ainda assim
sentirmo-nos completamente vazios, como se nosso espírito perecesse.

Assim como têm de adotar uma perspectiva mais ampla de todo seu período no
colegial e dar um significado ao primeiro ano letivo, têm de adotar também
uma visão mais ampla para enxergar o propósito de sua vida, ou seja,
visualizar esta existência e o que acontece após a morte. Sem isso, não
conseguirão valorizar a própria vida. Por essa razão é tão importante a
compreensão da vida e da morte.

A vida do universo é um grande oceano e as ondas representam nossa vida

Yumitani: O budismo ensina que a vida é eterna. Da última vez, o senhor
descreveu o universo como uma grande entidade viva, como um vasto oceano, e
cada vida como uma onda desse oceano.

Ueda: A vida pode ser associada ao momento em que as ondas se levantam na
superfície do oceano. E quando fundem-se com o oceano, temos a morte.

Yumitani: Ainda não entendi muito bem o que significa exatamente
"fundir-se".

Pres. Ikeda: O Sr. Toda disse certa vez que se jogarem um pouco de tinta em
um lago, ela será dissolvida e desaparecerá. Assim é a morte.
Posteriormente, se utilizarem algum aparelho para recolherem os componentes
da tinta dissolvida e juntá-los novamente, isso significaria a vida, disse
ele.
Yumitani: Apesar de a vida da pessoa fundir-se com a vida do universo, sua
identidade não desaparece.

Pres. Ikeda: Essa vida não cessa sua existência. Quando encontrar as
condições ideais, vai se manifestar novamente. Mas se perguntarem se essa
vida existe como algo tangível, a resposta é absolutamente não. Não podemos
localizá-la em algum lugar do universo, pois ela se torna una com todo o
universo. Isso não significa existência nem não-existência. O budismo
refere-se a isso como o estado de não-substancialidade (kuu).

Vamos usar uma metáfora. Atualmente, um número infinito de ondas de rádio
cruzam o globo. Exatamente aqui há agora ondas de rádio de todas as
freqüências — de transmissões de rádio e de televisão, entre outras —
espalhadas ao nosso redor. Algumas delas são do Japão e outras, dos demais
países. Apesar de dizermos que essas ondas existem, não podemos vê-las nem
ouvi-las. Não podemos cheirá-las nem tocá-las. Mas se tivermos um aparelho
de rádio ou TV ou algum outro receptor apropriado, e o sintonizarmos na
freqüência correta, conseguiremos ouvir os sons e ver as imagens que essas
ondas produzem.

Yumitani: Um televisor torna-se assim a condição necessária para fazer com
que uma onda invisível passe a ser visível na forma de imagens de vídeo.

Pres. Ikeda: Talvez poderíamos chamar isso de transição da morte para a vida
pela qual a onda passa. É claro que isso é apenas uma metáfora. Mas, de uma
forma muito similar, no momento da morte a vida funde-se com o universo.
Essas vidas não se chocam umas com as outras e também não ficam sobre as
costas dos outros nem se dão as mãos! Cada vida funde-se com o universo,
embora mantenha sua individualidade.

* *

*Os aspectos físico e espiritual da vida são um só *

Ueda: Será que essa individualidade difere do conceito de uma alma ou um
espírito separado do corpo físico?

Pres. Ikeda: Difere completamente. O budismo ensina que algo assim como um
espírito substancial e separado do corpo não existe. Em todas as formas de
vida, a mente e o corpo — os aspectos espiritual e físico — são um só. Tanto
na vida como na morte, as energias física e espiritual de uma entidade não
podem ser separadas. Elas são unas e indivisíveis.

Acreditar que o espírito pode se separar do corpo e ficar flutuando por aí é
pura superstição. A vida — na qual os aspectos físico e espiritual são
sempre unos — funde-se com a grandiosa vida do universo, embora preserve sua
individualidade.

Yumitani: Ao morrermos, o cérebro é destruído. Então, como ainda podemos ter
alguma energia espiritual? Creio que a razão pela qual muitas pessoas
acreditem atualmente que não há nada após a morte deve-se ao fato de sua
crença em que o espírito reside no cérebro e assim não pode continuar a
existir após as células cerebrais terem morrido.

Pres. Ikeda: Esse é um ponto importante. Já detalhei essa questão em outras
ocasiões, e espero que vocês estudem esses diálogos e escritos, mas a
questão principal é que o cérebro é o local ou o veículo físico para as
atividades mentais ou espirituais; não é a própria mente ou o próprio
espírito. É essa a maneira como o encaramos.

Por exemplo, o grande filósofo francês Henri-Louis Bergson (1859–1941)
comparou a relação entre nosso cérebro e nossa consciência a um cabideiro e
às roupas penduradas nele. Se o cabideiro desaparece — ou seja, se o cérebro
morre — as roupas caem ao chão. Em outras palavras, a atividade mental
torna-se impossível. Mas o cabideiro não representa as roupas.

Ueda: Por falar em Bergson, sei que na primeira vez em que o senhor foi
convidado para uma reunião de palestra da Soka Gakkai, quando estava com
dezenove anos, e lhe disseram que seria um encontro em que as pessoas
falariam sobre a "filosofia da vida", o senhor perguntou se "estavam se
referindo a Bergson".

Pres. Ikeda: Sim, é verdade. Bergson viveu há aproximadamente cem anos, e
sem dúvida essa é a razão pela qual ele usou a metáfora das roupas e do
cabideiro. Hoje em dia, é melhor usar o exemplo de imagens televisionadas e
do aparelho de som e de TV ou do monitor necessário para transmiti-los.

Nesse contexto, a memória e outras atividades mentais são como as imagens e
o som. Eles não aparecem sem um televisor, que pode ser comparado ao
cérebro. E o simples fato de seu maior ídolo aparecer na televisão não
significa que vocês encontrarão uma foto dele lá dentro se desmontarem seu
aparelho de TV. Da mesma forma, quando o cérebro morre, a energia mental
perde seu veículo de manifestação, no entanto, isso não significa que essa
energia tenha deixado de existir. Tampouco a energia física deixa de existir
quando o corpo morre. Ela perde o veículo pelo qual realiza suas atividades
e torna-se latente.
Yumitani: E na próxima vez em que renascermos, essa energia latente será
ativada novamente, não é mesmo?

Pres. Ikeda: Sim, a energia latente se manifesta e entra em atividade mais
uma vez quando se inicia uma nova fase da vida. No entanto, rigorosamente
falando, nossa vida não "renasce". Ela existe continuamente. A identidade de
nossa vida não muda.

Nossa vida — cujo corpo e espírito são um só — continua imutável. A essência
da vida não é algo cujo espírito deixa o corpo e flutua pelo céu ou algo
parecido.

* *

*Os fantasmas *

Ueda: Há pessoas que dizem terem visto um fantasma, ou que ouviram a voz de
sua avó falecida. Essas experiências são apenas sonhos ou ilusões?

Pres. Ikeda: Não, essas experiências podem ser reais. Mas a pessoa não está
vendo um fantasma. Pode ser que as ondas de uma pessoa que está no estado de
morte se sobreponham, por alguma razão, às ondas da que está viva, e a
pessoa viva percebe algo como uma visão ou a voz de uma pessoa já falecida.
A vida é cheia de mistérios. Poderíamos comparar isso a uma linha cruzada no
telefone.

Yumitani: Sim, isso às vezes acontece comigo quando uso o telefone celular.

Pres. Ikeda: O Sr. Toda costumava dizer que ver fantasmas ou ouvir vozes
acontece quando a energia vital da pessoa está fraca. Se estão fracos, são
sobrecarregados por outros sinais e acabam atuando como se fossem um
receptor de rádio ou TV para esses sinais. É por essa razão que são os
únicos a ouvir ou ver essas coisas.

Se sua energia vital estiver forte, isso não acontecerá. De fato, se
recitarem Daimoku conseguirão enviar as ondas do estado de Buda para essas
pessoas e ajudá-las a encontrar a paz.

Yumitani: Então há vidas que não se fundem tranqüilamente com a vida do
universo?

Pres. Ikeda: Sim. Algumas se fundem com a vida universal sofrendo as dores
mais medonhas. Outras ficam aterrorizadas, como se estivessem sendo
perseguidas por um monstro horrível. E outras não têm repouso, como se
estivessem tendo pesadelos.

* *

*O som de nosso Daimoku pode salvar os que estão no estado de morte *

Ueda: Nós podemos ajudar essas pessoas com nosso Daimoku?

Pres. Ikeda: Sim, podemos. O som de nosso Daimoku alcança a vida das pessoas
que entraram no estado de morte. E é claro que também atinge os que ainda
estão vivos. O poder do Nam-myoho-rengue- kyo ilumina tudo no universo, até
mesmo os rincões mais distantes do estado de Inferno, lançando-lhe a luz da
esperança, da paz e da tranqüilidade.

A Lei Mística é formada pelos caracteres chineses myo e ho. Myo (mística)
simboliza a morte e ho (lei), a vida. Juntas, formando a expressão Lei
Mística, representam a unicidade da vida e da morte. Tanto a vida como a
morte são fases da existência. Apesar de a vida e a morte parecerem
totalmente separadas e independentes uma da outra, a entidade da vida
existente nessa dinâmica é única e imutável, e tem uma continuidade eterna
alternando períodos de vida e de morte.

O Nam-myoho-rengue- kyo é o ritmo fundamental dessa vida eterna. É por isso
que o Daimoku tem o poder de ajudar até mesmo aqueles que se encontram no
estado de morte.

Yumitani: O que determina se uma vida está sofrendo ou se está no estado de
tranqüilidade após a morte? O Inferno e o Pico da Águia existem realmente?

Pres. Ikeda: Sim, eles existem. Mas não se encontram em nenhum lugar. O
estado de Fome não está em algum lugar além de Saturno, tampouco o Pico da
Águia se encontra do outro lado do Sol. Gostaria que vocês estudassem mais a
respeito dos Dez Mundos (Inferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranqüilidade,
Alegria, Erudição, Absorção, Bodhisattva e estado de Buda), mas o importante
é lembrar-se de que assim como os Dez Mundos existem em cada pessoa, também
estão presentes no universo.

A vida daquela pessoa cuja tendência básica enquanto viva é permanecer no
estado de Inferno vai se fundir, após o falecimento, com o estado de Inferno
do universo. O estado de Inferno existe em nossa própria vida, mas não
podemos dizer que se encontra em algum lugar particular dentro de nós.
Simplesmente porque sentem uma dor de dente não podem dizer que o estado de
Inferno está em seu dente. Todo seu ser sente dor, e todo seu ser está no
Inferno. Da mesma forma, quando morre uma pessoa cuja tendência básica da
vida é o estado de Inferno, todo o universo torna-se o Inferno para esse
indivíduo.

* *

*Transformando nossa tendência básica da vida *

Ueda: O que o senhor quer dizer com "tendência básica da vida"?

Pres. Ikeda: É a natureza essencial ou a tendência de vida para a qual vocês
sempre retornam.

Estamos todos os dias sujeitos a muitas causas e condições externas que
estimulam em nós várias emoções e efeitos. Nós ficamos zangados, rimos,
pensamos, e nossa vida está sempre num estado de constante mudança. No
entanto, cada pessoa tem sua própria tendência básica. Por exemplo, há
pessoas que são fundamentalmente iradas por natureza e são sempre rápidas em
perder a compostura, e há outras cuja força vital é fraca e ficam facilmente
deprimidas, e pessoas que vivem no estado de Bodhisattva e sempre pensam nos
outros em primeiro lugar. Nossa tendência básica de vida é o que determina
em qual dos Dez Mundos nossa vida ficará após a morte.

Yumitani: Isso é um tanto assustador!

Pres. Ikeda: Após o falecimento, as condições e causas externas não são as
mesmas de quando a pessoa estava viva, e assim sua tendência de vida
torna-se todo seu ser. Em vida, mesmo uma pessoa cujo estado básico é o de
Inferno, que está sempre sofrendo e cuja própria vida é dolorosa, pode
experimentar momentos de alegria e prazer. Mas, após a morte, essa pessoa
permanecerá somente no estado de Inferno.

Ueda: Isso é com certeza uma grande motivação para realizarmos nossa
revolução humana enquanto ainda estamos vivos!

O dinheiro e a fama não nos ajudam no momento da morte

Pres. Ikeda: A tendência básica da vida de uma pessoa torna-se claramente
visível no momento da morte. Uma enfermeira veterana que cuidou de muitos
doentes terminais e esteve com muitos deles em seus momentos finais, disse:
"Parece que em seus últimos momentos toda sua vida passa em flashes diante
de seus olhos, como se fosse um filme. Não o fato de terem se tornado
presidentes de uma companhia ou de terem sido bem-sucedidos nos negócios ou
coisas desse tipo, mas sim o tipo de vida que levaram. As pessoas a quem
amaram e a quem trataram com carinho, e de que forma. Como foram insensíveis
ou cruéis. O sentimento de satisfação por terem vivido de acordo com suas
crenças ou uma dor profunda por terem-nos traído. Tudo o que foram como
seres humanos passa diante de seus olhos. Assim é a morte."

Yumitani: Ouvir isso realmente faz a pessoa parar para pensar.

Pres. Ikeda: Nesse momento, nem a fama nem o dinheiro, o conhecimento e
tampouco a posição social poderão ajudá-los. Seus amigos e familiares não
poderão ajudá-los. Vocês terão de enfrentar sozinhos sua própria verdade. A
morte é realmente rigorosa e inflexível.

E o eu existente nesse momento do falecimento é o que permanecerá durante
todo o estado de morte e continuará na próxima existência. É por essa razão
que o budismo ensina que devemos atingir o estado de Buda enquanto estamos
vivos. Devemos fazer o máximo para cultivar e enriquecer nossa vida como
seres humanos. Esse é o objetivo de nossa prática budista. Nada é mais
importante na vida que realizar nossa revolução humana. E quanto mais jovens
forem, mais fácil será conquistá-la.

*NOTA 1. Cf. Fiodor Dostoievski, The Idiot. David Magarshack, trad. **Londres,
Penguin Books, 1955, pág. 57. 2. From the Great Thoughts. Compilado por
George Seldes. Nova York, Balantine Books, 1985, pág. 194. 3. The Notebooks
of Leonardo da Vinci. Edward McCurdy, trad. Londres, Jonathan Cape Ltd.,
1938, vol. 1, pág. 73. 4. Carlos Quirino, The Great Malayan — The Biography
of Rizal. **Manila, Philippine Education Company, 1940, pág. 258.*


A vida e a morte – parte 1

Para os protagonistas do século XXI – parte 2

21 DE OUTUBRO DE 2000 — EDIÇÃO Nº 1576

Esta é a décima parte da segunda série de diálogos sobre a juventude
realizados entre o presidente Ikeda e os coordenadores da Divisão dos
Estudantes Colegiais, Teruhiko Yumitani e Yoshiko Ueda , representando os
membros da Divisão, publicada na edição de 1º de janeiro de 1999 do Koko
Shimpo, jornal quinzenal da Divisão dos Estudantes Colegiais da Soka Gakkai.


Pres. Ikeda: Estamos em 1999. Enfim nos aproximamos da contagem regressiva para o século XXI. Esta é sua época. O futuro encontra-se em suas mãos. Espero que façam com que o século XXI seja realmente maravilhoso. Por favor, façam com que seja um século em que a vida de cada indivíduo seja prezada e respeitada ao máximo.

Um século sem discriminação, sem agressão, sem guerras nem matanças.
Um século em que nenhuma criança chore de fome, em que nenhuma mãe tire sua vida e a de seus filhos por causa do desespero. Um século sem destruição ambiental, livre do elitismo acadêmico, sem ganância nem materialismo. Um século em que os direitos humanos sejam respeitados como o maior tesouro; de verdadeira democracia, em que o povo faça com que os líderes políticos corruptos prestem contas. Um século em que as pessoas exercitem o julgamento correto e não dêem atenção às mentiras dos meios de comunicação.

Espero que façam com que nesse século cada um de seus preciosos sonhos seja concretizado e que sua personalidade única floresça com toda plenitude. Para concretizar esses objetivos, é vital que cada um de vocês conquiste a vitória, que se tornem pessoas de filosofia e benevolência que possuem tanto capacidade real como a sinceridade para compreender o coração dos outros. Sua vitória será a vitória do século XXI. Vocês são nossa única esperança.

Possuindo uma correta visão da vida e da morte

Yumitani: Nós faremos o máximo para criarmos um século da vida.

Pres. Ikeda: A base de tudo é a maneira como encaramos a vida — ou seja, a
perspectiva que temos da vida, da morte e da condição humana.

O Japão encontra-se atualmente em uma profunda escuridão, em um impasse, assim como tantos outros países. Qual é a causa disso?

A causa é uma compreensão distorcida da questão fundamental da vida e da
morte. Os líderes da sociedade e a maioria das pessoas evitam pensar nesta
que é a mais importante de todas as questões, deixando-a de lado para
buscarem unicamente os desejos imediatos. Como resultado, estamos agora
sofrendo as conseqüências dessa negligência. O principal é que, se não
voltarmos novamente nossa atenção para a questão fundamental da vida e da morte, não acontecerá nenhuma mudança realmente verdadeira, independentemente de quais sejam as medidas superficiais que tomarmos. É como tratar uma doença com analgésicos sem solucionar a causa. Apesar de os sintomas amenizarem temporariamente, estamos apenas enganando o corpo e não conseguiremos melhorar.

O historiador britânico Arnold J. Toynbee sustentava que a causa do
infortúnio do mundo encontrava-se no fato de os líderes de todos os campos não considerarem a questão básica da morte.

Ueda: O que significa que eles não compreendem realmente o verdadeiro valor da vida. Por que não se dá prioridade máxima à vida?

Pres. Ikeda: Esse é um importante problema que também está subjacente à
poluição ambiental. Vejam a atitude indiferente com relação à terrível
tragédia do envenenamento por mercúrio industrial (conhecido como doença de Minamata)1 ocorrida na cidade de Minamata, no Japão, nas décadas de cinqüenta e sessenta. Os responsáveis pela companhia, a burocracia e o governo agiram com uma atitude que não demonstrava nenhuma prioridade à vida das pessoas. Tudo que ofereceram foi uma resposta fria e burocrática, colocando os grandes interesses financeiros em primeiro lugar. O consumo de peixe contaminado com mercúrio dos dejetos industriais lançados pela companhia na Baía de Minamata fez com que pessoas saudáveis passassem a sofrer de entorpecimento dos membros, o que as deixava incapazes de coordenar os movimentos musculares voluntários. Seu sistema nervoso foi destruído e algumas pessoas tiveram convulsões e morreram. Crianças nasceram surdas, cegas e com impedimentos da fala. Pessoas inocentes foram forçadas a viver um inferno vivo.

No entanto, desde quando apareceram as primeiras vítimas, foram necessários quinze anos para que o governo japonês finalmente reconhecesse que a doença estava relacionada à poluição (em 1968). Por que não foi tomada uma providência imediata? Por que não foram empreendidos esforços imediatos para salvar essas preciosas vidas em vez de desperdiçar tempo com todos os tipos de desculpas e racionalizações?

Entre os executivos da companhia, burocratas e líderes do governo havia
muitos formados pelas melhores universidades do Japão. Na verdade, quase
todos eles. Mas essas pessoas, que deveriam ser as melhores e as mais
brilhantes do Japão, careciam de algo essencial como seres humanos.

Isso é realmente temeroso, e mostra uma falha fundamental no sistema
educacional japonês — a falta de uma sólida filosofia de vida e de
humanismo.

Ueda: Estou plenamente de acordo.

Pres. Ikeda: Vocês ainda são jovens e tenho certeza de que a maioria não tem uma concepção clara a respeito da morte. Isso é natural. Mas exatamente pelo fato de serem jovens é que gostaria que pensassem seriamente em questões tais como: O que é a vida? O que acontece quando falecemos? Por que nascemos? Gostaria que se tornassem adultos detentores de uma firme filosofia sobre a vida e a morte. Disse um filósofo que a consciência da morte, da própria mortalidade, é o que distingue a humanidade dos demais seres do reino animal.

Yumitani: Um de nossos membros da Divisão dos Estudantes Colegiais de Tóquio passou por uma experiência muito próxima da morte. Ele era integrante da equipe de atletismo da escola em que estudava. Em dezembro de seu primeiro ano na escola, ele estava praticando salto em altura quando caiu e bateu a cabeça. Ele deslocou e fraturou a vértebra cervical e por muita sorte não morreu. Sofreu uma cirurgia de seis horas mas, apesar de bem-sucedida, não podia mais movimentar-se sem a ajuda dos outros. Ele sentia uma extrema pena de si mesmo.

Então, em 2 de janeiro ele recebeu do senhor um poema:

"Oro dia após dia. Por sua saúde, pois você possui uma grande missão. "

Ele ficou tão comovido com essas palavras que a coragem para desafiar sua
condição física brotou das profundezas de seu ser. Orou Daimoku e empreendeu um grandioso esforço nas sessões de fisioterapia. E deixou o hospital no dia 3 de abril. De fato, hoje ele está de volta à escola e até mesmo à equipe de atletismo.

Ele disse o seguinte: "Eu poderia ter morrido, mas agora estou bem. Sinto-me tão feliz. Meu ferimento ensinou-me de uma outra forma o enorme poder do Gohonzon. A partir de hoje, como membro da Divisão dos Estudantes Colegiais, ponderarei cuidadosamente sobre minha missão, mencionada no poema que o presidente Ikeda me enviou, e a concretizarei sem falha!"

*NOTA 1. Doença de Minamata: Doença com graves efeitos sobre o sistema
nervoso central que afetou milhares de pessoas em Minamata, cidade ao sul da Província de Kumamoto, em Kyushu. As águas de Minamata foram poluídas por dejetos industriais altamente tóxicos despejados por uma fábrica pertencente à Chisso Corporation. A doença foi resultante do consumo de frutos do mar contaminados com elevadas concentrações de mercúrio. Como conseqüência disso, durante anos ocorreram mortes e muitas crianças nasceram com terríveis deformações congênitas.

8 de setembro de 2008

Sinceridade e seriedade

BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1953, PÁG. A2, 30 DE AGOSTO DE 2008.

Recentemente, no Conselho Nacional Superior da Soka Gakkai realizado no dia 29 de
julho último, o presidente da SGI, Daisaku Ikeda, afirmou que a sinceridade e seriedade são fundamentais para se alcançar a vitória. Disse que a sinceridade é o mais nobre e grandioso caminho para se conquistar a eterna vitória como seres humanos. Comentou que sem seriedade, não se consegue desbravar o futuro nem é possível vencer a batalha entre o Buda e a maldade.

A sinceridade deve ser cultivada com toda a honestidade. Ser correto e leal consigo mesmo exige seriedade, responsabilidade e comprometimento. Nesse sentido, a sinceridade deve ser desenvolvida e aprimorada no coração, e a seriedade deve ser manifestada na ação.

Geralmente, o mortal comum tem a tendência de querer poupar a si mesmo e delegar aos outros o trabalho, principalmente o mais árduo. O presidente Ikeda disse também que tudo se define pela própria pessoa. A questão é se possui ou não a forte determinação de lutar e vencer infalivelmente, se está ou não preparada para enfrentar a batalha, se brilha ou não no seu coração a determinação de jamais ser
derrotada. A vitória na vida se define com essa postura.

Na leitura do sutra, no Gongyo, recita-se o trecho “quando ver o Buda é seu único pensamento, não hesitando mesmo que isso custe a própria vida” (i-shin-yô-ken- butsu, fu-ji-shaku- shin-myô). Em sua explanação, o presidente Ikeda cita: “A chave para abrir esse cofre (o coração que abriga o tesouro supremo do estado de Buda) é a fé ou a determinação de ‘ver o Buda’ e a prática de ‘não hesitando mesmo que isso custe a própria vida’. Em outras palavras, a base para atingir a iluminação está no espírito de procura e em uma prática séria e sincera”.

(Preleção dos Capítulos Hoben e Juryo, pág. 286.)

Vida e morte — terceira e última parte

03 DE FEVEREIRO DE 2001 — EDIÇÃO Nº 1590

Esta é a 12º parte da segunda série de diálogos sobre a juventude,
realizados entre o presidente Ikeda e os coordenadores da Divisão dos
Herdeiros, Teruhiko Yumitani (masculino) e Yoshiko Ueda (feminino),
representando todos os membros da Divisão, publicada na edição de 10 de
fevereiro de 1999 do jornal quinzenal da Divisão dos Herdeiros da Soka
Gakkai*.*

Para os protagonistas do Século XXI – parte 2

Ueda: Temos mais perguntas sobre a vida e a morte. Um membro escreveu: "Minha avó, que eu amava muito, morreu. Depois que eu morrer, poderei encontrá-la novamente?"

Pres. Ikeda: Nitiren Daishonin diz que sim. Essa é a maneira benevolente com que ele tranqüiliza uma mãe que havia perdido o filho: "Há uma maneira de encontrá-lo (seu filho falecido) prontamente. Tendo o Buda Sakyamuni como guia, a senhora poderá encontrá-lo na terra pura do Pico da Águia... O Sutra de Lótus ensina que jamais aconteceria de uma mulher que recita o Nam-myoho-rengue-kyo não se encontrar com seu amado filho." (The Writings of Nichiren Daishonin [WND], pág. 1092.)

Este trecho foi extraído de "O Presente de Saquê Puro", uma carta que Daishonin enviou para a monja leiga Ueno, a mãe viúva de Nanjo Tokimitsu, após o repentino falecimento de seu filho mais novo.

Ao dizer que mãe e filho vão se "encontrar na terra pura do Pico da Águia", Daishonin está dizendo à mãe consternada que seu filho falecido atingiu o estado de Buda. E assegura-lhe que, como ela também está destinada a atingir o estado de Buda, poderá encontrar o filho no mesmo mundo do estado de Buda.

Poderíamos dizer que a palavra "encontrar" é usada aqui no sentido de que quando nossa vida após a morte funde-se com a vida universal, podemos sentir nossa união, ou unicidade com nossos queridos entes falecidos. Ou no sentido de que poderemos encontrar novamente nossos queridos entes falecidos no futuro em alguma outra terra do Buda no universo.

É bem possível que, neste nosso vasto universo, haja muitas terras ideais do Buda onde o Kossen-rufu já tenha sido alcançado. Astrônomos anunciaram recentemente que há no universo aproximadamente 125 bilhões de galáxias.

Essa estimativa do número de galáxias no universo baseia-se em observações feitas pelo Telescópio Espacial Hubble, da NASA, e foi apresentada em um encontro da Sociedade Astronômica Americana.

Yumitani: Que número colossal! Não são 125 bilhões de planetas, mas 125 bilhões de galáxias. Isso é estonteante.

Pres. Ikeda: Mas, da perspectiva budista do universo, até mesmo esse número ainda é pequeno. O 16o. capítulo do Sutra de Lótus, "Revelação da Vida Eterna do Buda", ensina uma visão ainda mais vasta do universo, a qual recitamos como parte do Gongyo da manhã e da noite. A escala universal descrita nesse capítulo é tão imensa que realmente podemos apenas considerá-la como uma tentativa de expressar o infinito.

Yumitani: Isso significa que a visão científica do universo está começando a
se aproximar da visão budista?

Pres. Ikeda: Sim, creio que podemos dizer isso. De qualquer forma, a Terra com certeza não é o único planeta onde existe vida. Há no universo um número infinito de planetas assim. Podemos renascer às vezes com nossos queridos entes falecidos nas terras do Buda dentre esses planetas. Outras vezes, podemos renascer juntos na Terra ou em outros planetas onde o Kossen-rufu ainda não tenha sido alcançado, e então lutar para ajudar aqueles que sofrem. O Sutra de Lótus ensina que cada um de nós tem a liberdade de decidir tudo isso.

A vida é eterna. Apesar de dizermos que "perdemos" alguém quando essa pessoa falece, na verdade poderíamos dizer também que ela apenas foi para um lugar distante por algum tempo, como quando um amigo vai para o exterior e não podemos encontrá-lo durante um certo tempo.

Ueda: Então, seria possível que a avó falecida desse nosso membro renascesse aqui na Terra, e as duas se encontrarem novamente?

Pres. Ikeda: Claro. Mas elas podem não se reconhecer! Além do mais, a avó seria mais jovem que a neta!

O sofrimento nos ajuda a compreender os outros

Pres. Ikeda: Quando jovem, o presidente Toda perdeu um filho. Ele disse certa vez:

"Perdi minha filha Yasuyo quando eu estava com 23 anos. Segurei minha filha
falecida nos braços durante a noite inteira. Naquela época, ainda não havia
me convertido à fé no Gohonzon, e estava tão abalado pela dor que dormi com
ela no colo. E assim nos separamos, e hoje estou com 58 anos. Ela estava com três anos quando morreu, portanto, se estivesse viva agora imagino que seria uma
mulher admirável na aurora da vida. Será que eu encontrei minha filha novamente nesta vida? Essa é uma questão da própria percepção por intermédio da fé. Eu creio que a encontrei. Se a pessoa se reúne com um parente falecido nesta ou na próxima existência é uma questão da própria percepção por meio da fé.
"

O Sr. Toda contou esse relato para incentivar um membro que havia perdido umfilho pequeno. Ele respondia a uma pergunta que esse membro havia feito: "Será que é possível restabelecer um relacionamento de pai e filho com meu filho falecido ainda nesta existência?" Após ter perdido a filha, o Sr. Toda perdeu também a esposa. Ele sentiu uma enorme dor e sofrimento, mas disse que foi exatamente esse sofrimento que lhe permitia então incentivar e tranqüilizar os outros e, como líder de muitas pessoas, tornar-se alguém que consegue compreender os sentimentos dos demais.

Tudo que nos acontece tem um significado. Mesmo que estejam tristes e cheios de sofrimento e sintam que não podem continuar, enquanto continuarem a avançar com coragem, vivendo de forma a não serem derrotados, vocês acabarão compreendendo o significado dessa dor e sofrimento. Esse é o poder da fé. E é também a essência da vida.

Ueda: Compreendo.

Yumitani: O Sr. Toda dizia que essa é uma "questão de percepção". Será que com "percepção" ele queria dizer o sentimento ou a consciência que temos nas profundezas de nossa vida?

Pres. Ikeda: Sim. A vida, quando a vivemos realmente com plenitude, trata-se em essência de nossos próprios sentimentos e percepções. Não se trata apenas de uma questão de teorias ou palavras. Vocês podem falar sobre o quanto estão alegres e felizes mas, se na verdade sentirem em seu íntimo depressão e desespero, suas palavras não terão nenhum valor.

E, da mesma forma, mesmo que intelectualmente compreendam que a vida é eterna, essa compreensão será também vazia e insignificante se não desafiarem a si próprios e não se empenharem na prática budista para que sua vida brilhe eternamente. Tampouco poderão dizer que realmente compreendem a eternidade da vida.

A doença ou os acidentes como causa de morte


Yumitani: Presidente Ikeda, o senhor acabou de nos explicar que tudo tem um significado. Mas queria perguntar-lhe o que acontece então com as pessoas que morrem ainda jovens em um acidente ou devido a alguma doença. Há alguma razão para que isso aconteça?

Pres. Ikeda: Devemos dar um sentido a isso também. A lei da vida e da morte rege todo o universo. Mas ela sempre se manifesta de forma única, diferente para cada pessoa. A vida é extremamente complexa, e nela atuam inumeráveis causas e condições.

Nossa vida é em grande parte governada pelo carma, que foi se acumulando devido às nossas ações praticadas em existências passadas. Todos nós estamos sujeitos ao carma imutável (carma fixo), que determina as condições básicas de nossa vida, tais como por quanto tempo viveremos. E estamos também sujeitos aos efeitos do carma mutável (carma não-fixo), cujos resultados podem ou não aparecer nesta existência. Se fizermos um paralelo entre esses dois carmas e a doença, o carma imutável seria como uma doença grave e até mesmo fatal, e o carma mutável seria uma enfermidade mais leve, como um resfriado.

Yumitani: Mas ambos são resultado de nossas ações passadas, certo?

Pres. Ikeda: Sim, portanto, não podemos culpar ninguém por nossos problemas. Tudo o que somos são o resultado de nossas próprias ações. Algumas pessoas ficam se corroendo ao imaginar por que não nasceram em determinada família, por que não nasceram mais belas e nobres, mas tudo é determinado por suas próprias ações passadas.

A palavra sânscrita karma significa "ação". Todas as nossas ações — o que pensamos, o que dizemos e o que fazemos — ficam gravadas na vida. Quando nossas ações forem boas, receberemos efeitos positivos que nos deixarão felizes; e quando forem más, receberemos efeitos negativos que nos tornarão infelizes. Tudo conseqüentemente retorna para nós.

É até mesmo bem possível que às vezes aquelas pessoas que cometem atos de terrível crueldade e desumanidade não renasçam como seres humanos nas próximas existências.

Ueda: A lei de causa e efeito é muito rigorosa, não é mesmo? As forças do bem e do mal persistem após a morte

Pres. Ikeda: As forças do bem e do mal gravadas na vida da pessoa não desaparecem com o falecimento. Nós as levamos conosco para a próxima existência. Podemos talvez considerar esse fenômeno semelhante ao princípio da conservação da energia ensinada pela Física.

Mas o Budismo de Nitiren Daishonin ensina que nós podemos transformar todos esses carmas.

Ueda: Até mesmo o carma imutável?

Pres. Ikeda: Sim, até mesmo o carma imutável. Na verdade, é de suma importância transformá-lo. Independentemente dos sofrimentos ou dificuldades que enfrentarmos, devemos viver com força e coragem, desafiando-os até vencermos. A pessoa que vence no final é uma verdadeira vitoriosa na vida. A vitória não se decide no meio do caminho. Se vencermos no final, poderemos olhar para trás e entender que tudo o que aconteceu até então teve um significado. Mas se perdermos no final, tudo em nossa vida terá sido em vão, independentemente do quanto as coisas tenham sido fáceis até então.

Uma menina que compartilhou com os outros seu radiante espírito

Yumitani: E as pessoas que morrem por causa de alguma doença? Isso é um sinal de derrota na vida?

Pres. Ikeda: Não. Se a pessoa teve uma fé forte e invencível até o fim, ela venceu. Há muitas pessoas que, apesar de estarem com alguma doença terminal e de sofrerem muito com isso, oraram pelo Kossen-rufu e pela felicidade de seus companheiros e incentivaram os outros até o último momento. Sua vida e sua bravura diante da morte proporcionou coragem e inspiração a incontáveis pessoas. Esses indivíduos renascerão rapidamente com um corpo saudável.

Conheci uma menina que, aos onze anos, foi diagnosticada com um tumor no cérebro. Ela faleceu aos quatorze. Mas, apesar de tudo, era muito alegre e feliz. Ela animava os adultos no hospital, compartilhando seu espírito radiante e positivo com todos que encontrava. Sem dúvida, ela sofria terríveis dores ocasionadas pela doença, mas continuava a recitar o Daimoku e a incentivar as pessoas.

Ao morrer, disse a um de seus últimos visitantes: "Não me preocupo mais com minha doença nem com o que acontece comigo. Parei de orar para mim mesma. Há tantas outras pessoas que estão muito piores que eu. Oro com todo coração para que essas pessoas se convertam o mais cedo possível e descubram por si próprias como o Gohonzon é maravilhoso. " Aos seus pais, ela disse: "E se isso tivesse acontecido com você, pai? Nós estaríamos sofrendo problemas terríveis! E seria simplesmente horrível se isso acontecesse com você, mãe. E se fosse com meu irmãozinho, tenho certeza de que ele não conseguiria lidar com isso. Estou feliz que tenha sido comigo e não com nenhum de vocês... Tenho
certeza de que isso é o resultado de uma promessa que fiz antes de nascer.
Se aquelas pessoas que me conhecem aprenderem algo de minha vida, eu ficarei
feliz.
"

Eu soube da luta dessa menina contra a doença e enviei-lhe rosas e também um leque no qual escrevi as palavras "Luz da Felicidade, e uma foto que tirei de um campo cheio de íris. Soube que ela vibrou de alegria ao recebê-los. As palavras que deixou para os que estavam ao seu redor foram: "Fé significa ter fé até o fim." E ela demonstrou essas palavras com sua própria vida.

Havia muitas e muitas pessoas em seu funeral. Em seus breves quatorze anos e meio, ela falou a mais de mil pessoas sobre a grandiosidade da Lei Mística. Essa menina chamava-se Akemi Yamada. Ela era da cidade de Kashiwa, na Província de Tiba, no Japão. [Ela faleceu em outubro de 1982.] Ela venceu. É isso o que sinto. Sua vida inteira, todo seu sofrimento, teve significado. Com sua própria batalha, ela conseguiu dar um significado ao seu sofrimento. A forma de viver de um bodhisattva

Pres. Ikeda: Akemi disse que sua doença era o resultado de uma promessa feita antes de nascer. O budismo ensina o conceito da escolha deliberada das próprias circunstâncias. É assim que os praticantes da Lei Mística escolhem voluntariamente nascer em uma condição difícil para que possam demonstrar o poder do budismo para os outros com seu empenho e subseqüente triunfo. Essa é a forma de viver de um bodhisattva.

Se todos os praticantes fossem afortunados desde o início, as pessoas nunca conheceriam o poder do budismo. É por isso que algumas pessoas escolhem renascer em condições de profundo sofrimento para que possam mostrar aos outros o que é a revolução humana. É como uma peça, um drama grandioso.

Ueda: Assim, pode haver significado na morte de uma pessoa, mesmo que ela tenha falecido devido a algum acidente ou doença.

O que importa é a maneira como vivemos

Pres. Ikeda: Todos nós morreremos um dia. O mais importante é a maneira como vivemos. É importante vivermos o máximo que pudermos, mas a longa duração não significa uma boa vida. O crucial é o que fizemos com nossa vida. É isso o que determina se nossa vida é boa ou não.

O Dr. Norman Cousins, dos Estados Unidos, disse: "A morte não é a maior tragédia que cai sobre nós. Ainda mais trágico é uma importante parte de nós morrer enquanto ainda continuamos vivos. Não existe tragédia mais terrível que essa. O que importa é conquistar algo na vida."² O Dr. Cousins foi um grande jornalista e ativista da paz. Em seus últimos anos, ele realizou um trabalho pioneiro no campo da medicina do corpo e da mente com base na convicção de que ambos são um só.

De qualquer forma, o importante não é o fato de nossa vida ser longa ou curta. Para as pessoas que praticam o Budismo de Daishonin, recitar o Nam-myoho-rengue-kyo, o eterno bom remédio, enquanto estão vivas é a maior felicidade de todas. E, depois de morrerem, retornarão rapidamente para o grandioso palco do Kossen-rufu graças às relações que formaram com o budismo nesta existência. É como se tirassem um cochilo para descansar e depois acordassem novamente. O mesmo acontece com as pessoas que morrem em acidentes.

É claro que não devemos perder nossa preciosa vida por causa de nosso próprio descuido. É arrogância pensar que estamos livres de acidentes só porque praticamos o budismo. A atitude correta da fé deve ser tomar cuidados extras com acidentes e doenças exatamente porque praticamos o budismo.

O suicídio é um completo erro

Yumitani: O número de suicídios é muito elevado na sociedade japonesa atual.

Pres. Ikeda: Sim, em todo o mundo. Isso é muito triste. É doloroso. As pessoas que se matam pensam que não têm nenhuma saída. Elas não têm forças para lutar. Não têm onde se refugiar nem onde encontrar conforto. Mas buscar refúgio na morte não faz com que os sofrimentos se acabem. Na verdade, destruindo o tesouro que é a própria vida comete-se uma grave ofensa que somente aumentará os sofrimentos.

Os suicidas sentem-se num beco sem saída e despojados de força vital. A razão de se sentirem assim deve-se essencialmente ao fato de viverem em oposição à lei fundamental da vida, a Lei Mística. O universo inteiro flui no ritmo da vida e da morte. A maior das estrelas vive e morre, o menor dos insetos vive e morre. Todos os fenômenos seguem o ritmo da vida e da morte. A base da vida e da morte é o Nam-myoho-rengue- kyo. É por essa razão que nossa energia vital enfraquece se agirmos contra a Lei Mística e fica mais forte se a praticarmos. De qualquer forma, o suicídio é sempre um erro absoluto.

Yumitani: Conheço uma pessoa que havia entrado em depressão e perdido a razão de viver quando seu filho faleceu, mas graças aos incentivos e ao apoio dos companheiros da Gakkai, ela conseguiu recomeçar a vida.

Pres. Ikeda: Nós somos uma família da Lei Mística. Estamos unidos pelo "sistema de comunicação sem fio" da Lei Mística, que transcende a vida e a morte. Nosso Daimoku sempre alcança nossos queridos entes falecidos. E, se quisermos, eles podem renascer como membros da família, ou amigos, ou em algum lugar próximo de nós. A família consternada deve ter convicção nisso e empenhar-se para conduzir a vida mais feliz e realizada. De fato, sua felicidade é uma grande prova de que o falecido atingiu o estado de Buda.

Yumitani: Portanto, o que importa é a maneira como os que ficaram conduzem sua vida?

Pres. Ikeda: Exatamente. O budismo expõe a unicidade da vida e da morte e a unicidade de pai e filho. Assim, se os familiares vivos estão felizes, os falecidos seguem também o curso da felicidade. Da mesma forma, se os familiares falecidos atingiram o estado de Buda, poderão — como parte das forças protetoras do universo com o qual se fundiram — proteger os familiares ainda vivos.

Ueda: Não podemos compreender diretamente como é a morte, mas podemos ter uma idéia baseando-nos na vida.

Pres. Ikeda: É possível. Não se pode comprovar cientificamente como é o estado pós-morte. Mas, se praticamos o budismo e recebemos uma clara prova real da validade de seus ensinos enquanto estamos vivos, faz sentido aceitarmos também os ensinos budistas sobre o que acontece após a morte.

Yumitani: Se os ensinos do budismo não fossem verdadeiros, nossos membros não veriam essa prova demonstrada em sua vida, mas eles vêem.

Pres. Ikeda: Todos nós testamos essa prática, e da mesma forma todos obtivemos algum tipo de prova real de que ela realmente funciona. Isso significa que está em ação algum tipo de lei fixa ou princípio. A base de todos os ensinos budistas é a visão de que a vida é eterna. Se essa base estivesse errada, não teríamos a prova real da eficácia do budismo enquanto
estamos vivos. Podemos conhecer a morte somente depois de morrer?

Yumitani: Há muitas pessoas que dizem ser impossível provar a existência de vida após a morte e que somente podemos saber como é a morte morrendo.

Pres. Ikeda: Bem, isso é verdade — só se pode saber como é a morte morrendo. Mas o que fariam se, após morrerem, descobrissem que o budismo estava certo? Seria muito tarde para mudar a vida!

Ueda: Sim, estaria tudo acabado!

Yumitani: Mesmo supondo que não houvesse vida após a morte, todos os esforços empenhados para o próprio aperfeiçoamento por meio da prática budista não seriam desperdiçados, porque a pessoa acabaria ficando melhor, com uma vida realizada. De qualquer forma, teríamos vencido. Se considerássemos como se fosse uma aposta, seria a melhor aposta que existe!

Pres. Ikeda: O budismo não está absolutamente equivocado com relação à vida e à morte. A ciência não é todo-poderosa; há muitas coisas que ela não pode comprovar. Em particular, a ciência natural moderna destaca-se na pesquisa dos cinco sentidos, mas carece de meios para pesquisar além disso.

Yumitani: A ciência não tem meios para investigar a vida após a morte.

Pres. Ikeda: Portanto, a atitude científica apropriada deveria ser evitar de julgar aquilo que não compreende. Goethe e Tolstoi eram da mesma opinião. E Gandhi também. A ciência não tem nenhuma autoridade para declarar se existe ou não vida após a morte.

Yumitani: É arrogância declarar que não existe vida após a morte sem ter uma comprovação, e é também um erro.

Pres. Ikeda: Sim, é um enorme erro. Nenhuma outra época foi tão empenhada em recusar-se a enfrentar a morte e tão ardente na busca dos desejos mundanos como esta era da ciência, o século XX. Mas creio que não seja nenhuma coincidência que este século que se esqueceu da morte tenha sido o século da morte em massa, que presenciou duas guerras mundiais e uma corrida pelas armas nucleares levando a ameaça da aniquilação global. Não se pode esperar
encontrar a base para o respeito pela dignidade da vida partindo da teoria de que não existe vida após a morte e que os seres humanos nada mais são que um conglomerado de matéria.

Cada dia é um precioso tesouro

Pres. Ikeda: É por isso que quero que vocês, jovens, estudem e propaguem a filosofia da dignidade da vida em todo o mundo para que o século XXI seja um século de paz. Quero que estudem a visão correta da vida e da morte, baseiem suas ações nessa visão e considerem cada dia como um tesouro precioso e insubstituível. Quero que cada um de vocês preencha sua vida de valor equivalente a cem anos e que conduzam uma existência invencível, cujo legado resplandeça eternamente.

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