Para os protagonistas do século XXI – parte 2
21 DE OUTUBRO DE 2000 — EDIÇÃO Nº 1576
Esta é a décima parte da segunda série de diálogos sobre a juventude
realizados entre o presidente Ikeda e os coordenadores da Divisão dos
Estudantes Colegiais, Teruhiko Yumitani e Yoshiko Ueda , representando os
membros da Divisão, publicada na edição de 1º de janeiro de 1999 do Koko
Shimpo, jornal quinzenal da Divisão dos Estudantes Colegiais da Soka Gakkai.
Pres. Ikeda: Estamos em 1999. Enfim nos aproximamos da contagem regressiva para o século XXI. Esta é sua época. O futuro encontra-se em suas mãos. Espero que façam com que o século XXI seja realmente maravilhoso. Por favor, façam com que seja um século em que a vida de cada indivíduo seja prezada e respeitada ao máximo.
Um século sem discriminação, sem agressão, sem guerras nem matanças.
Um século em que nenhuma criança chore de fome, em que nenhuma mãe tire sua vida e a de seus filhos por causa do desespero. Um século sem destruição ambiental, livre do elitismo acadêmico, sem ganância nem materialismo. Um século em que os direitos humanos sejam respeitados como o maior tesouro; de verdadeira democracia, em que o povo faça com que os líderes políticos corruptos prestem contas. Um século em que as pessoas exercitem o julgamento correto e não dêem atenção às mentiras dos meios de comunicação.
Espero que façam com que nesse século cada um de seus preciosos sonhos seja concretizado e que sua personalidade única floresça com toda plenitude. Para concretizar esses objetivos, é vital que cada um de vocês conquiste a vitória, que se tornem pessoas de filosofia e benevolência que possuem tanto capacidade real como a sinceridade para compreender o coração dos outros. Sua vitória será a vitória do século XXI. Vocês são nossa única esperança.
Possuindo uma correta visão da vida e da morte
Yumitani: Nós faremos o máximo para criarmos um século da vida.
Pres. Ikeda: A base de tudo é a maneira como encaramos a vida — ou seja, a
perspectiva que temos da vida, da morte e da condição humana.
O Japão encontra-se atualmente em uma profunda escuridão, em um impasse, assim como tantos outros países. Qual é a causa disso?
A causa é uma compreensão distorcida da questão fundamental da vida e da
morte. Os líderes da sociedade e a maioria das pessoas evitam pensar nesta
que é a mais importante de todas as questões, deixando-a de lado para
buscarem unicamente os desejos imediatos. Como resultado, estamos agora
sofrendo as conseqüências dessa negligência. O principal é que, se não
voltarmos novamente nossa atenção para a questão fundamental da vida e da morte, não acontecerá nenhuma mudança realmente verdadeira, independentemente de quais sejam as medidas superficiais que tomarmos. É como tratar uma doença com analgésicos sem solucionar a causa. Apesar de os sintomas amenizarem temporariamente, estamos apenas enganando o corpo e não conseguiremos melhorar.
O historiador britânico Arnold J. Toynbee sustentava que a causa do
infortúnio do mundo encontrava-se no fato de os líderes de todos os campos não considerarem a questão básica da morte.
Ueda: O que significa que eles não compreendem realmente o verdadeiro valor da vida. Por que não se dá prioridade máxima à vida?
Pres. Ikeda: Esse é um importante problema que também está subjacente à
poluição ambiental. Vejam a atitude indiferente com relação à terrível
tragédia do envenenamento por mercúrio industrial (conhecido como doença de Minamata)1 ocorrida na cidade de Minamata, no Japão, nas décadas de cinqüenta e sessenta. Os responsáveis pela companhia, a burocracia e o governo agiram com uma atitude que não demonstrava nenhuma prioridade à vida das pessoas. Tudo que ofereceram foi uma resposta fria e burocrática, colocando os grandes interesses financeiros em primeiro lugar. O consumo de peixe contaminado com mercúrio dos dejetos industriais lançados pela companhia na Baía de Minamata fez com que pessoas saudáveis passassem a sofrer de entorpecimento dos membros, o que as deixava incapazes de coordenar os movimentos musculares voluntários. Seu sistema nervoso foi destruído e algumas pessoas tiveram convulsões e morreram. Crianças nasceram surdas, cegas e com impedimentos da fala. Pessoas inocentes foram forçadas a viver um inferno vivo.
No entanto, desde quando apareceram as primeiras vítimas, foram necessários quinze anos para que o governo japonês finalmente reconhecesse que a doença estava relacionada à poluição (em 1968). Por que não foi tomada uma providência imediata? Por que não foram empreendidos esforços imediatos para salvar essas preciosas vidas em vez de desperdiçar tempo com todos os tipos de desculpas e racionalizações?
Entre os executivos da companhia, burocratas e líderes do governo havia
muitos formados pelas melhores universidades do Japão. Na verdade, quase
todos eles. Mas essas pessoas, que deveriam ser as melhores e as mais
brilhantes do Japão, careciam de algo essencial como seres humanos.
Isso é realmente temeroso, e mostra uma falha fundamental no sistema
educacional japonês — a falta de uma sólida filosofia de vida e de
humanismo.
Ueda: Estou plenamente de acordo.
Pres. Ikeda: Vocês ainda são jovens e tenho certeza de que a maioria não tem uma concepção clara a respeito da morte. Isso é natural. Mas exatamente pelo fato de serem jovens é que gostaria que pensassem seriamente em questões tais como: O que é a vida? O que acontece quando falecemos? Por que nascemos? Gostaria que se tornassem adultos detentores de uma firme filosofia sobre a vida e a morte. Disse um filósofo que a consciência da morte, da própria mortalidade, é o que distingue a humanidade dos demais seres do reino animal.
Yumitani: Um de nossos membros da Divisão dos Estudantes Colegiais de Tóquio passou por uma experiência muito próxima da morte. Ele era integrante da equipe de atletismo da escola em que estudava. Em dezembro de seu primeiro ano na escola, ele estava praticando salto em altura quando caiu e bateu a cabeça. Ele deslocou e fraturou a vértebra cervical e por muita sorte não morreu. Sofreu uma cirurgia de seis horas mas, apesar de bem-sucedida, não podia mais movimentar-se sem a ajuda dos outros. Ele sentia uma extrema pena de si mesmo.
Então, em 2 de janeiro ele recebeu do senhor um poema:
"Oro dia após dia. Por sua saúde, pois você possui uma grande missão. "
Ele ficou tão comovido com essas palavras que a coragem para desafiar sua
condição física brotou das profundezas de seu ser. Orou Daimoku e empreendeu um grandioso esforço nas sessões de fisioterapia. E deixou o hospital no dia 3 de abril. De fato, hoje ele está de volta à escola e até mesmo à equipe de atletismo.
Ele disse o seguinte: "Eu poderia ter morrido, mas agora estou bem. Sinto-me tão feliz. Meu ferimento ensinou-me de uma outra forma o enorme poder do Gohonzon. A partir de hoje, como membro da Divisão dos Estudantes Colegiais, ponderarei cuidadosamente sobre minha missão, mencionada no poema que o presidente Ikeda me enviou, e a concretizarei sem falha!"
*NOTA 1. Doença de Minamata: Doença com graves efeitos sobre o sistema
nervoso central que afetou milhares de pessoas em Minamata, cidade ao sul da Província de Kumamoto, em Kyushu. As águas de Minamata foram poluídas por dejetos industriais altamente tóxicos despejados por uma fábrica pertencente à Chisso Corporation. A doença foi resultante do consumo de frutos do mar contaminados com elevadas concentrações de mercúrio. Como conseqüência disso, durante anos ocorreram mortes e muitas crianças nasceram com terríveis deformações congênitas.
BUDISMO DE NITIREN DAISHONIN, FILOSOFIA HUMANÍSTICA E TEMAS AFINS.
O presidente Ikeda observa: "É absolutamente impossível que alguém com uma conduta séria e sincera na fé não consiga ser feliz e prosperar ou que seu ambiente não consiga ser revitalizado. Este é o princípio universal do budismo. O coração é o que transforma tudo. Esta é a natureza prodigiosa da vida. É uma verdade irrefutável". Nam-myoho-rengue-kyo Nam-myoho-rengue-kyo Nam-myoho-rengue-kyo....
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10 de setembro de 2008
A vida e a morte – parte 1
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